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Figuras de linguagem e de estilo

METÁFORA = significa transposição. Consiste no uso de uma palavra ou expressão em outro sentido que não o próprio, fundamentando-se na íntima relação de semelhança entre coisas e fatos. A metáfora é sempre uma imagem, isto é, representação mental de uma realidade sensível. É uma espécie de comparação latente ou abreviada. Por exemplo: Paulo é um touro.
COMPARAÇÃO = consiste em comparar dois termos, em que vêm expressos termos comparativos, constituindo-se em intermediário entre o sentido próprio e o figurado. Por exemplo: Paulo é forte como um touro.
METONÍMIA = significa mudança de nome. Consiste na troca de um nome por outro com o qual esteja em íntima relação por uma circunstância, de modo que um implique o outro. Há metonímia quando se emprega:
o efeito pela causa = Sócrates tomou a morte(= o veneno).
a causa pelo efeito = Vivo do meu trabalho(= do produto de meu trabalho).
o autor pela obra = Eu li Castro Alves(= a obra de Castro Alves).
o continente pelo conteúdo = Traga-me um copo d’água(= a água do copo).
a marca pelo produto = Comprei um gol(= carro).
o conteúdo pelo continente = As ondas fustigavam a areia(= a praia).
o instrumento pela pessoa = Ele é um bom garfo(= comilão).
o sinal pela coisa significada = A cruz dominará o Oriente(= Cristianismo).
o lugar pelo produto = Ele só fuma Havana(= cigarro da cidade de Havana).
SINÉDOQUE = consiste em alcançar ou restringir a significação própria de uma palavra. É o emprego do mais pelo menos ou vice-versa, isto é, a troca de um nome pelo outro de modo que um contenha o outro.
a parte pelo todo = No horizonte surgia uma vela(= um navio).
o todo pela parte = O mundo é egoísta(= os homens).
o singular pelo plural = O homem é mortal(= os homens).
a espécie pelo gênero = Ganhei o pão com o suor do rosto(= alimento).
o indivíduo pela classe = Ele é um Atenas(= cidade culta).
a espécie pelo indivíduo = No entender do Apóstolo…(São Paulo).
a matéria pelo instrumento = Ela possui lindos bronzes(= objetos).
o abstrato pelo concreto = A audácia vencerá(= os audaciosos).
CATACRESE = é o desvio da significação de uma palavra por outra, ante a inexistência de vocábulo apropriado. Origina-se da semelhança formal entre dois objetos, dois seres. É uma metáfora estereotipada. Por exemplo: Dente de alho; pernas da mesa.
ELIPSE = é a omissão de um termo da frase facilmente subentendido. Por exemplo: "Na terra tanta guerra, tanto engano, tanta necessidade aborrecida, no mar tanta tormenta e tanto engano"(Camões). Os casos mais comuns são de verbos(ser e haver), a conjunção integrante(que), a preposição(de) das orações subordinadas substantivas indiretas e completivas nominais, sujeito oculto.
ZEUGMA = é a omissão de um termo já expresso anteriormente na frase. Por exemplo: Nem ele entende a nós, nem nós a ele.
PLEONASMO = consiste na repetição de uma mesma idéia por meio de vocábulos ou expressões diferentes. Por exemplo: Resta-me a mim somente uma esperança.
POLISSÍNDETO = é a repetição de uma conjunção. Por exemplo: E rola, e rebola, como uma bola.
ANACOLUTO = consiste na interrupção do esquema sintático inicial da frase, que termina por outro esquema sintático. Por exemplo: Este, o rei que têm não foi nascido príncipe(Camões).
ONOMATOPÉIA = consiste no uso de palavras que imitam o som ou a voz natural dos seres. Graças a seu valor descritivo, é também excelente subsídio da linguagem afetiva. Por exemplo: Os sinos bimbalhavam ruidosamente.
RETICÊNCIA = consiste na proposital suspensão do pensamento, quando se julga o silêncio mais expressivo que as palavras. Por exemplo: Nós dois … e, entre nós dois, implacável e forte.
SILEPSE = concordância ideológica. A concordância não é feita com o elemento gramatical expresso, mas sim com a idéia, com o sentido real.
A silepse pode ser: de gênero = Vossa Majestade mostrou-se generoso. (V.Majestade = feminino e generoso = masculino); de número = O povo lhe pediram que ficasse. (o povo = singular e pediram = plural); de pessoa = Os brasileiros somos nós.(os brasileiros = 3ª pessoa e somos = 1ª pessoa).
ANTÍTESE = consiste na exposição de uma idéia através de conceitos ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os. Por exemplo: Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas.
IRONIA = consiste no uso de uma expressão, pela qual dizemos o contrário do que pensamos com intenção sarcástica e entonação apropriada. Por exemplo: A excelente D. Celeste era mestra na arte de judiar dos alunos.
EUFEMISMO = consiste no uso de uma expressão em sentido figurado para suavizar, atenuar uma expressão rude ou desagradável. Por exemplo: Ficou rico por meios ilícitos(= roubou).
HIPÉRBOLE = consiste em exagerar a realidade, a fim de impressionar o espírito de quem ouve. Por exemplo: Ele se afogava num dilúvio de cartas.
PROSOPOPÉIA = consiste na personificação de coisas e evocação de deuses ou de mortos. Por exemplo: As estrelas disseram-me: aqui estamos.
ANTONOMÁSIA = substituição de um nome próprio por um nome comum, por uma apelido ou por um título que tornou a pessoa conhecida. Por exemplo: O Mártir da Inconfidência (para Tiradentes).
PERÍFRASE = rodeio de palavras, circunlóquio: por exemplo: A mais antiga das profissões (a prostituição).
SINESTESIA = figura que se baseia na soma de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos. Por exemplo: A ondulação sonora e táctil entrava pelos meus ouvidos.
PARADOXO = expressão contraditória. Por exemplo: Ia divina, num simples vestido roxo, que a vestia como se a despisse(Raul Pompéia).
APÓSTROFE = é uma invocação, um chamado emotivo. Por exemplo: Deuses impassíveis… Por que é que nos criastes?(Antero de Quental).
GRADAÇÃO = é a disposição das idéias numa ordem gradativa. Por exemplo: Homens simples, fortes, bravos… hoje míseros escravos sem ar, sem luz, sem razão…(Castro Alves).
ASSÍNDETO = é a ausência de conectivos numa seqüência de frases. Por exemplo: Destrançou os cabelos, soltou-os, trançou-os de novo(Pedro Rabelo).
HIPÉRBATO = é uma inversão dos termos da frase, uma alteração na ordem direta. Por exemplo: Já da morte o palor me cobre o rosto(Álvares de Azevedo).
ANÁFORA = é a repetição de um termo no início das frases ou versos. Por exemplo: Tem mais sombra no encontro que na espera. Tem mais samba a maldade que a ferida(Chico Buarque de Holanda).
ALITERAÇÃO = é a repetição de sons consonantais iguais ou semelhantes. Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos(Eugênio de Castro).
ASSONÂNCIA = é a repetição de sons vocálicos iguais ou semelhantes. Por exemplo: Até amanhã, sou Ana da cama, da cana, fulana, sacana(Chico Buarque de Holanda).
PARANOMÁSIA = é o encontro de duas palavras muito semelhantes quanto à forma. Por exemplo: Ser capaz, como um rio, (…) de lavar do límpido a mágoa da mancha(Thiago de Mello).

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